ENCONTRO INESPERADO
A noite em Maat tinha um magnetismo único. As ruas úmidas refletiam as luzes dos postes, e a cidade parecia respirar em ritmo próprio. O som de uma guitarra vibrava no ar, escapando pelas portas entreabertas de um bar de rock. O lugar era discreto, sem letreiros chamativos, frequentado por quem realmente apreciava o estilo, sem firulas.
Maat gostava daquele ambiente. Era um espaço onde ela não precisava performar, onde podia ser apenas ela, sem a expectativa das telas ou dos olhares famintos que normalmente a cercavam.
A porta se fechou atrás dela, abafando o vento frio da rua. Seu vestido longo preto deslizou suavemente pelo corpo enquanto caminhava, o fecho na perna revelando um pedaço de pele conforme seus passos se moviam com a cadência de alguém que sabe que está sendo observada. As costas nuas davam um contraste perfeito com o tecido elegante, e ela sentia a temperatura morna do ambiente tocar sua pele exposta.
Pediu uma bebida no bar, encostando-se levemente no balcão. Os dedos deslizaram pelo vidro gelado, e ela deixou-se perder por um instante na batida da música ao fundo.
Foi quando o viu.
Cael Winter.
Hipoteticamente, esse era o nome dele – um usuário que não se perdia em palavras vazias. Ele não era um admirador qualquer. Não enchia sua caixa de mensagens com propostas sem graça, nem tentava se sobressair com frases prontas. Ele apenas estava ali, sempre, de um jeito quase imperceptível, mas constante.
Agora, ali estava ele, de verdade.
Cael estava encostado perto do palco, um copo de whisky na mão. Postura relaxada, olhar atento, e aquele ar de quem sabe que não precisa se esforçar para chamar atenção. O jeans escuro e a jaqueta de couro davam um tom casual, mas a presença dele não era a de qualquer um.
Ele a reconheceu.
E hesitou.
Foi sutil, quase imperceptível, mas Maat percebeu. O leve tensionar do maxilar, a forma como ele prendeu a respiração por um segundo antes de soltar uma risada curta, como se tentasse se convencer de que aquilo não era real.
Ela segurou o copo entre os lábios por um momento antes de virar um gole, deixando o líquido descer quente pela garganta. Então, olhou diretamente para ele.
Não sorriu. Apenas o olhou.
Cael não desviou.
Havia algo ali. Algo diferente de todos os olhares que ela já havia recebido. Não era apenas desejo – era uma espécie de reconhecimento. Como se ele já tivesse tentado imaginá-la muitas vezes, mas agora percebesse que a realidade era muito mais intensa do que qualquer projeção que já tivesse feito.
Ele empurrou o corpo para longe da parede e veio na direção dela.
Devagar.
Maat virou-se para o balcão e pediu outra dose, sentindo a presença dele se aproximando, a energia se adensando ao seu redor. Quando ele parou ao seu lado, o perfume amadeirado misturado ao álcool recém-bebido trouxe um arrepio sutil à sua nuca.
— Posso? — A voz dele era grave, mas não impositiva.
Ela deslizou a ponta do dedo pela borda do copo antes de responder.
— Precisa de permissão?
O canto da boca dele ergueu-se ligeiramente.
— Algumas coisas são melhores quando se pede.
Boa resposta.
Ela indicou o banco ao lado sem dizer mais nada. Ele se acomodou, descansando o copo no balcão, mas sem desviar os olhos dela.
— Eu nunca achei que fosse te ver pessoalmente.
Maat inclinou ligeiramente a cabeça, observando-o com interesse.
— E o que você imaginava?
Cael apertou o maxilar, desviando o olhar por um instante para seu próprio copo, como se escolhesse as palavras com cuidado.
— Que você fosse inalcançável.
Um sorriso lento se formou nos lábios dela.
— E agora?
Ele girou o copo nas mãos antes de responder.
— Agora eu não sei se quero descobrir.
Ela adorou isso.
Os homens normalmente vinham com toda a sede ao pote, desesperados para provar alguma coisa. Cael não. Ele sabia que o jogo não era sobre pressa – era sobre intensidade.
Maat deslizou os dedos pelo próprio copo, observando-o pelo canto do olho.
— Você quer saber, sim.
Cael soltou uma risada baixa, passando a língua entre os lábios antes de tomar um gole do whisky.
— Quero.
O silêncio entre eles foi preenchido pelo barulho da banda, mas nada ao redor importava. O bar, as pessoas, a música – tudo era pano de fundo para o que acontecia ali.
Ela terminou sua bebida e empurrou o copo sobre o balcão.
Então, virou-se para ele.
— Vem comigo.
Não olhou para trás.
Porque sabia que ele viria.
(continua…)

Postar