Muita gente, ao ler essas palavras, vai dizer que é conversa fiada, que isso é só lorota de cabra besta, desses que vivem vendo miragem em olho de mulher bonita. Vão dizer que ninguém vê alma, que isso é invenção de desocupado. Mas eu digo: vê sim, senhor. Vê, e como vê! Basta silenciar por dentro, baixar as armas do corpo, esquecer as agulhadas do desejo, deixar de lado as bagunças da carne e olhar. Olhar de verdade. Olhe nos olhos dessa mulher. Mas olhe com o espírito, não com a luxúria. Vai ver uma claridade, uma luz azulada puxando pro branco, daquelas difíceis de se ver. Vai sentir a empatia que abraça, é ternura que transborda. Ela, veja bem, não enrola, não disfarça, não finge. Ela se conecta. E, quando você se exibe com a nudez, ela responde com presença. Com presença viva. E que presença! É como se o mundo sumisse, como se o tempo se deitasse pra cochilar no colo do instante. E então, meu amigo, você não está mais diante de uma tela. Está num universo onde o prazer tem gosto, e a palavra tem pele.