Quando encontrei a capa peniana, com suas formas, textura e brilho, que convidava ao toque, algo em mim quis entender o que havia por trás daquela promessa de sensação. A textura salpicada de pequenas saliências me fez lembrar dos felinos em seu ritual de acasalamento, que é intenso, instintivo e selvagem, pois se sabe que o pênis do macho possuí espículas (espinhos). Porém, é um equívoco pensar que essas espículas machucam as fêmeas. Na verdade, elas servem para estimular a ovulação dela, sendo que o comportamento de gritar e morder que ocorre durante o ato é resultado do reflexo dessa ovulação. Seja como for, certamente é intenso para a fêmea. O que posso dizer é que há algo hipnótico na maneira como a natureza constrói o desejo, algo entre o arrepio e o encantamento. Gosto de experiências que provocam e que fazem o corpo e a mente dialogarem. Este ensaio nasceu dessa curiosidade: uma reflexão sobre o instinto, o desejo e o fascínio que certos detalhes podem exercer, pois há belezas que não se explicam, apenas se sentem. Muitos costumam dizer que sou uma gata trans, mas, depois de experimentar as espículas dessa capa peniana, sinto-me uma verdadeira felina.