A entrega Ele entrou devagar, como quem carrega um segredo. Sentei à sua frente, em silêncio. E deixei que ele falasse… no tempo dele. “Eu achei que estava no controle”, ele disse. E então olhou pra mim, como quem ainda não sabe exatamente o que viveu. “Mas ela… ela mudou tudo.” Eu apenas escutava. Atenta. Sentia, no tom da voz, que aquilo não era só desejo, era memória pulsando. Contou que ela chegou segura. Com passos firmes e olhos que não pediam licença. Disse que bastou um gesto dela, e ele entendeu que não conduziria nada naquela noite. “Fique de joelhos”, ela disse. E ele obedeceu. Enquanto me contava, ele abaixou os olhos. Como se ainda estivesse lá. Como se o chão diante dela tivesse sido o lugar mais íntimo onde já esteve. Disse que ela o fez beijar seus pés. Não como um jogo. Mas como quem o ensinava, com firmeza e elegância, a desejar de outro jeito. Ela não o tocava com pressa. Ela permitia. E cada ordem que dava era um convite à rendição. “Acho que nunca fui tão dominado… e tão livre ao mesmo tempo”, ele disse. E eu respirei fundo, guardando aquela frase como se fosse poesia. No fim, ele me olhou nos olhos. E disse, quase num sussurro: “Eu precisava te contar. Porque só alguém como você poderia entender.” Eu ouvi. Com presença. E transformei em palavras o que ele viveu com o corpo. Essa história não é minha. Mas agora, é minha voz que a carrega. E você? Tem coragem de me contar o que não ousa dizer a mais ninguém? Me escreva. Quem sabe a próxima história não seja a sua… #fetiche