Ele chegou confiante, como sempre. Acreditava que seria o dono da situação — até ela abrir a porta. O olhar dela não pediu permissão; apenas o atravessou. “Hoje, você não fala. Só ouve”, disse, num tom calmo, quase doce, mas impossível de contrariar. Ele tentou responder, mas um simples gesto da mão dela o silenciou. Não havia gritos, nem ordens. Apenas pausas. Ela se aproximava devagar, deixando o ar pesar entre eles, cada passo uma provocação. Ele, acostumado a controlar tudo, percebeu que agora era ele quem obedecia — sem entender o porquê.“Não é sobre força”, ela murmurou, rente ao ouvido dele. “É sobre quem sabe quando não precisa usá-la.” A cada palavra, ele se rendia um pouco mais. Não por submissão, mas porque, pela primeira vez, alguém o via por dentro — e sabia exatamente onde tocar sem encostar. O silêncio virou o campo de batalha. E ela, com apenas o olhar, venceu.
 
  
  
  
 