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Confesso que quando peguei esse livro, achei que vinha mais uma história sobre o Brasil profundo, como Jorge Amado costuma fazer. Mas o que encontrei foi um espelho deformado e debochado da elite intelectual brasileira, nua sob a luz crua da ironia. É um tapa com luvas de renda. E também com uma camisola, talvez usada, talvez manchada, talvez íntima demais. Jorge não perdoa. Ele escreve com o riso de quem já viu demais, já esteve lá dentro, já vestiu o fardão e percebeu que por trás dele, muitas vezes, só existe vaidade e uma profunda mediocridade travestida de erudição. O protagonista, professor Silvestre, é patético. E por isso mesmo, é real. Não há heroísmo nem grandeza há sede de status, bajulação, e o eterno teatrinho da reputação pública em conflito com os desejos privados. Um escândalo sexual ameaça sua carreira? Claro que ameaça. Mas não pela ética e sim pelo medo de perder o cargo, a glória, a imagem. O livro é curto, mas feroz. Cada capítulo é uma agulhada nesses senhores de terno e discurso florido que, no fundo, tremem de medo de serem esquecidos. Eu ri. Ri da tragédia alheia porque ela é, de alguma forma, nossa. Está no meio acadêmico, na política, nas redes sociais, na cultura da aparência e inclusive aqui no site. Não é o livro mais poético de Jorge Amado. É, talvez, o mais cínico. O mais lúcido. O mais impiedoso. E, por isso mesmo, se faz tão atual, presente e necessário.

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há 17d
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Silvergun
Silvergun Ahh, que coisa mais maravilhosa ver e ler uma postagem dessas por aqui. Eu amo quem tem o Dom da Palavra....
há 17d