#FANCLUB Infância, amor, tempo Impossível fugir a esta dura realidade, A de te querer. Lapido-me De forma contundente Para que não percebas O que por detrás dos meus olhos Há: O amor que vem do tempo, Há tanto tempo Esculpido na delicadeza Da inocência Ainda indecisa, Que não sabia, Ao certo, Como se proteger. Pequeno grão de areia, Pés descalços era eu. Mochila da moda, No meio da criançada! Guardava, entre livros - Sonhos e aprendizados. Na castidade da serenidade, Desenhava-te em sobriedade, Enquanto o quadro negro, De giz Rabiscavas. E contavas, ensinavas... Ainda que em tom ríspido, A alma branda Acenava. Já não sei se acordada, Com a sua imagem, estupefata, Desdobrava-me Ascendendo ao céu; Sinal de menina ludibriada. Sim, Todos os rebentos sonham, Romantizam o primeiro amor, Mas não fazem ideia de que crescem, Transmutam-se em pássaros E aconchegam-se em ninhos Maduros, Muitas vezes vazios. À espera do novo sol Esvaem-se. Espera dolorida No peito que guarda o passado Puro, De seda clara, Envolvido em lágrima Partida, Prateada, Cristalizada À lua da mulher amada. Branca a sua pele Em textura de Van Gogh, Que eterniza o ser. Estúpida sutileza esta, A de não se saber! Apego-me à lembrança De um rosto que não é seu, E na melodia da mais bela Canção, ''We've only just begun'' (Estamos apenas começando) Perco-me Em devaneio, No vestígio de uma ilusão. Falo mais do que recebo, Enlaço-me na esfera De quem venera. A sua boca pertence A lábios que não são meus. O seu corpo, Que almejo Como guri sedento Por subir Às fruteiras do quintal vizinho, É selado. O seu ventre Deu luz, Fruto bendito! E por entre espaços Fez-se paz. Cerro os meus olhos À tentativa de Castrar os meus medos. Amo-te, ainda, No silêncio pungido. Da infância à maturidade... Amor, tempo E a triste certeza De ser predestinado A querer o que não se pode Ter.
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Desconectada Último acesso: 30 de Outubro de 2024
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