Nus no amor para nos vermos, sentirmos a pele dos outros corpos e para mais que penetrarmos termos o choque e o roçar que nos dizem do quanto penetramos. Nus sempre, menos no que não importa. Porque há então quem tema tanto a nudez dos outros? Será que teme, menos que o feio de muitos, a beleza de alguns, ou o fascínio das esplêndidas partes de uns raros? E que, paralisados (de inveja), deixemos que o mundo e a vida se soltem à deriva para a nua liberdade? “Sobre a Nudez”, poema de Peregrinatio ad Loca Infecta (Poesia III), é um belo exemplo da poética seniana para além das fronteiras das tão comentadas metamorfoses. Em franco combate a qualquer forma de hipocrisia ou censura, a poesia se despe em busca de liberdade. Abraça a nudez como única condição possível nos momentos mais extremos: o nascimento, a morte, a humilhação, o prazer. Sob o olhar atento de médicos e professores de ginástica, ou sob o toque atencioso do amor, a nudez do poema é o desvelar de uma concepção de mundo sem artifícios ou barreiras a nos proteger do horror ou do deslumbramento, do “feio de muitos”, da “beleza de alguns” ou do “fascínio de uns raros”. Despem-se a poesia e a vida, para que se possam penetrar mutuamente. #fetiche

jukinhatarado Momentos de saciar meus pensamentos proibidos. Você é a melhor