No ventre do mistério, reside a origem de tudo. A tela de Courbet não é apenas uma representação; é um suspiro íntimo, uma pulsação secreta que desperta os sentidos e revela a verdade primitiva. Seus contornos suaves, curvas generosas, esculpidas pela luz e sombra, traçam o mapa de um universo desconhecido, um portal entre o carnal e o sagrado. A pele, viva, exala o calor da criação. O corpo exposto não é apenas corpo; é terra fértil, onde desejos e sonhos crescem como raízes profundas. A penugem escura, delicada e indomada, guarda o segredo de um mundo interior, onde as palavras se perdem e apenas o toque conhece o caminho. Ali, no centro da tela, reside o sopro inicial, o início de todas as paixões, o silêncio que antecede o prazer. O corpo, em sua nudez, é um convite ao êxtase e à contemplação. Em cada detalhe, na textura macia da pele, nas sombras que delineiam suas formas, existe uma ode à sensualidade. Não é vulgaridade, mas sim a mais pura essência do erotismo, o encontro do olhar com o que é sublime e natural. Courbet, com sua ousadia, nos permite contemplar a origem – não apenas do mundo, mas da própria existência humana. A origem que pulsa em todos nós, escondida sob camadas de pele, mas sempre à espera de ser revelada. #peluda