Um continho para deixar-os aquecidos 😌❤️🔥 Leiam que faz bem. Conselho da profe! A chuva caía pesada, desenhando rios apressados no vidro do bar. O cheiro de café, álcool e chão molhado se misturava no ar, criando um abrigo meio estranho, meio aconchegante, pra quem, como eu, só queria se esconder do mundo. Sentei no canto, tentando parecer invisível, mas ele... ele parecia existir no exato oposto da minha intenção. Encostado no balcão, sorriso fácil, copo na mão, algum blues tocando ao fundo e os olhos... os olhos que não combinavam com aquela noite cinza. Ele era quase um raio dentro da tempestade. Percebi quando me olhou. Primeiro de longe. Depois... demorando. O tipo de olhar que passeia, que toca antes mesmo da pele saber. Fingiu que não, mas sorriu de canto quando me viu perceber. Eu desviei, claro. Coração acelerado, mãos inquietas — que tipo de loucura me fez vir até aqui? Ele se aproximou. Passos firmes, mas tranquilos. E, antes que eu ensaiasse qualquer fuga, sua voz me alcançou como se me conhecesse há séculos: — Noite difícil? Só consegui sorrir, meio sem jeito, meio entregue. O cheiro dele se misturou ao cheiro de chuva. Quente, amadeirado, algo que parecia prometer perigo — ou abrigo. Conversamos. Nem sei direito sobre o quê. Sobre o quanto aquela chuva parecia não querer acabar, sobre o quanto o mundo anda estranho, sobre músicas antigas, cicatrizes recentes, vontades escondidas. O bar aos poucos sumiu. Só existiam seus olhos me despindo sem pressa. Suas mãos segurando o copo, mas deixando claro que queriam segurar outra coisa. — Posso te contar um segredo? — ele disse, baixando um pouco a voz, se inclinando. Senti seu hálito quente, cheiro de whisky e desejo. — Pode. — minha resposta saiu mais baixa do que eu pretendia. Ele sorriu, deslizou os dedos no meu queixo, segurou meu olhar como quem segura a respiração antes de mergulhar. — Eu tô há minutos imaginando o gosto da sua boca... E não sei se vou conseguir sair daqui sem descobrir. Aquela frase caiu em mim como se fosse mais um raio na tempestade. O frio da rua parecia ter ficado do lado de fora. Meu corpo inteiro aqueceu — um fogo lento, mas urgente, nascendo ali, no meio da chuva. Não respondi. Não precisava. Me inclinei, guiada por algo que não era mais razão, era pele, era fome. Nossos lábios se encontraram do jeito que o olhar já fazia minutos pedia. Primeiro suave. Depois... mais. Boca, língua, desejo, promessas escorrendo como a água lá fora. Ele segurou minha nuca, me puxando pra perto, pra mais perto, como se não fosse possível ser perto o suficiente. Meu corpo inteiro respondeu. Um arrepio, um calor, uma rendição. Ali, no meio da chuva, entre desconhecidos, entre dois mundos que até então nunca tinham se cruzado... nasceu um incêndio. E eu, que só queria me esconder... me encontrei.
