Mais uma história neste perfil. Páginas reescritas... Ela folheava um livro de poesia quando esbarrou em um rapaz distraído com uma pilha de romances policiais. O livro caiu, ambos riram. Perto dali, a parceira dela trocou um olhar cúmplice com o outro rapaz, encostado na estante de filosofia, segurando o riso. Começaram a conversar sobre livros, trocaram recomendações, dividiram cafés depois das visitas à livraria. Os encontros viraram rotina, as conversas, cada vez mais íntimas. Risadas, trocas de mensagens sobre poemas, confissões sobre medos e pequenas vontades foram costurando algo que nenhum dos quatro sabia nomear. Naquela sexta-feira, o vinho e a pizza reuniram todos no mesmo sofá, sob luz baixa e música suave. Os joelhos se tocavam sem querer, os braços se encostavam, os sorrisos vinham fáceis. Um encostar de cabeça no ombro, um toque de mão ao passar a taça, dedos se encontrando com calma. O ar ficou denso, carregado de expectativa. Um olhar demorou mais que o normal, seguido de outro. O silêncio que se instalou não era desconfortável, mas pulsava, como se dissesse “sim” sem precisar de palavras. Veio o beijo, primeiro calmo, depois profundo, entre sorrisos contidos e suspiros. As mãos exploraram braços, pescoços, costas, descobrindo texturas e arrepiando peles. Corpos se aproximaram em uma coreografia lenta, natural, cada toque pedindo o próximo. A sala, iluminada apenas por um abajur, virou palco para aquela dança de respirações aceleradas e risadas tímidas. Entre beijos, carícias e olhares, foi como se tivessem encontrado um espaço seguro para se permitir desejar, sem pressa, sem culpa. Quando a madrugada virou manhã, estavam juntos no tapete, sob um edredom, aquecidos ainda pelo toque recente, trocando sorrisos calmos, respirando fundo, sentindo que algo havia mudado. A história deles começara entre livros, mas se reescrevera ali, na suavidade de uma noite em que se permitiram viver o desejo.
