ricardocst
na mata selvagem tu brotas, tu lanças, tu disparas, tu matas, mata, mata, levas o sustento. tu és mistura, amálgama, não é pura: é junção, é mais de um: dois, três? ouro preto foi construída pelos pretos. deles levaram o ouro, só restou o preto do título que nomeia. tu não és ouro. ouro puro é fraco, tem valor pros brancos. tu és construção, muro, igreja, chão, pedra bruta, preta empilhada, uma sobre uma. labuta. tu és grande no olhos dos pretos. deusa pagã.
ricardocst
seu estado é entre. fluir e fruir. essa é a sua definição de arte, que também é uma não-definição. arte pela arte. seu corpo é alvo; não-corpo é profano. solene e pagã. os minutos compartilhados dizem muito de uma passagem, assim como você é: não se atém. passageira. você é bicho do mato, se desfaz na mata. a gente não vê, mas sente. bruta, natural, inconsequente, fulgor e voraz. me pergunto, os que astros diriam para você? capricórnio, áries? eles, os astros, não dão conta de ti. ninguém dá, afinal tu é tempestade na passagem. e a gente sempre se lembra... afinal, quem nunca ouviu aquela história dos nossos antepassados que fala sobre cheia, enchente?