Não gosto do final de ano chega como sombra silenciosa escancarando dores memórias que a morte não levou Falam de recomeços como se o tempo apagasse marcas mas algumas histórias grudam mancham, não fecham Há ausências que atravessam nomes que permaneceram no tempo um luto silencioso que não entende calendários O mundo insiste em fogos em risos altos e metas novas mas meu peito prefere o silêncio de quem sobreviveu mais um pouco Luzes piscam nas ruas mas nem toda claridade chega há silêncios que dezembro não resolve e promessas que janeiro não cumpre Enquanto o mundo brinda ao futuro eu recolho o que sobrou do presente aprendizados tortos, carregamento de erros e a coragem discreta de continuar Talvez esperança seja isso continuar, mesmo triste acreditando que algum dia o peso do tempo fique mais leve Talvez não seja sobre virar o ano mas sobre aceitar o tempo como ele é: imperfeito humano, e ainda assim meu