Anna Morgana Assinar FanClub

  • 412 Avaliações
2886 Seguidores 5530 Curtidas
Último acesso: há 10 horas
Anna Morgana Desconectada Último acesso: há 10 horas

Anna Morgana Assinar FanClub

  • 412 Avaliações
2886 Seguidores 5530 Curtidas
Último acesso: há 10 horas
Anna Morgana

Anna Morgana

Desconectada

Sábado, do absoluto nada, sem aviso, sem contexto, cruzando o corredor rumo ao banheiro, um ser lançou ao vento — ou melhor, ao meu ouvido — um berro: “Morticia!” Não me ofende. Gosto dela, da sua sombra elegante, do silêncio que fala. Mas o que me ecoou por dentro não foi o nome, foi a liberdade com que certas pessoas se acham no direito de nomear o corpo alheio, de tocar com palavras o que não lhes pertence. Já defendi uma mulher (que inclusive, não carrega simpatia por mim rs), porque outra a chamava de “gorda”, como se fosse ofensa, sentença, como se o corpo de alguém resumisse a sua essência. Você pode não gostar, pode não simpatizar, mas apontar o dedo para o invólucro é raso, é cruel... a aparência do outro nunca vai te dizer a respeito. NUNCA! E, mais do que tudo, é um desrespeito: a aparência do outro não é da sua conta. Não te define, não te autoriza, não te pertence. Sabemos nada ou quase nada da vida dos outros. Não sabemos das batalhas que o outro travou em silêncio, das cicatrizes invisíveis, das madrugadas longas demais. Atirar palavras o que pesa em silêncio, requer pouco para quem carrega nada além da própria ignorância. Falar do outro é, muitas vezes, falar do vazio que carregamos. Cultivar novos olhares, entender sem invadir ou até escolher o silêncio, isso é delicadeza de quem escolhe ser humano, mesmo quando o mundo desaprende. Cada qual com sua estrada, seus tropeços e recomeços, seus equívocos sutis, seus acertos e tentativas que quase ninguém vê... "Cada um sabe a dor e delícia de ser quem é." Se cada um cuidasse do seu jardim, talvez o mundo florescesse. Se a voz se volta para o corpo do outro, que o primeiro ouvido seja o do teu próprio silêncio. O julgamento nasce das sombras internas, projeções de um eu que não se olha. Antes de julgar o outro, encare teu próprio espelho e escute o silêncio que habita em ti. Que sombras internas projeta no outro? Olhar para si é o primeiro passo, para compreender, sustentar o que se é, e calar o que apenas revela a falta. E seguimos — leves, quem sabe, ou pelo menos mais inteiros. #psicanaliseexistencial

 1
há 10h
Postar