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Anna Morgana

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Desconectada

A vida na hora A vida na hora. Cena sem ensaio. Corpo sem medida. Cabeça sem reflexão. Não sei o papel que desempenho. Só sei que é meu, impermutável. De que trata a peça devo adivinhar já em cena. Despreparada para a honra de viver, mal posso manter o ritmo que a peça impõe. Improviso embora me repugne a improvisação. Tropeço a cada passo no desconhecimento das coisas. Meu jeito de ser cheira a província. Meus instintos são amadorismo. O pavor do palco, me explicando, é tanto mais humilhante. As circunstâncias atenuantes me parecem cruéis. Nao dá para retirar as palavras e os reflexos, inacabada a contagem das estrelas, o caráter como o casaco às pressas abotoado - eis os efeitos deploráveis desta urgência. Se eu pudesse ao menos praticar uma quarta-feira antes ou ao menos repetir uma quinta-feira outra vez! Mas já se avizinha a sexta com um roteiro que não conheço. Isso é justo - pergunto (com a voz rouca porque nem sequer me foi dado pigarrear nos bastidores). É ilusório pensar que esta é só uma prova rápida feita em acomodações provisórias. Não. De pé em meio à cena vejo como é sólida. Me impressiona a precisão de cada acessório. O palco giratório já opera há muito tempo. Acenderam-se até as mais longínquas nebulosas. Ah, não tenho dúvida de que é uma estreia. E o que quer que eu faça, vai se transformar para sempre naquilo que fiz. (poeta polonesa Wislawa Szymborska - tradução de Regina Przybycien)

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há 12h
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Gondanmac1
Gondanmac1 Texto profundo e belo.
há 12h