harolrock
A mais envolvente personificação do prazer, a ruptura das amarras físicas, o brilho inclemente do desejo a vibrar fixado em um infinito de possibilidades. Senti-la é imergir na imensidão de tudo que é cor, oceano, espaço e sentido. Prová-la é guardar nos lábios o sabor da transcendência, é dançar sobre as ruínas de tudo que é óbvio para encarar, enfim, o que é fascinante. Guardá-la é uma necessidade de portar no íntimo a essência numinosa que se revela refletida em tudo que é verdadeiramente belo. Sob o seu olhar, rendo-me e entrego a sua presença, reverentemente, os despojos das mais humanas necessidades. Sinto-a, e meu corpo é capaz de tocar o êxtase; ouço-a, e o som é claro e delicadamente retumbante. Jamais a perco, carrego nosso encontro no peito, no vislumbre da alma que as formas permitem. Sigo-a como a uma constelação que brilha no céu noturno, deixo que me guie, deixo que se fixe no infinito como a estrela derradeira e de inigualável brilho.
harolrock
Como veleiro guiado pelos ventos, disponho-me a singrar pelo mar imenso que tu és. Ao entardecer, aporto em ti. No teu íntimo, silenciosamente, amanheço. Deixo que a tua presença desponte como um farol distante, e que a tua ausência seja a névoa infinita e densa de terra jamais avistada. Meu coração é essa península, banhada pelas águas da memória, ligada ao teu riso e dedicada ao teu olhar pelo istmo do sentimento. No imo do teu sexo, desfaço-me em tantas partes. Decomponho-me para, suplantado o ápice dos meus sentidos, novamente ressurgir da treva, para emergir das tuas águas coberto apenas pelo tato fresco e indizível da tua pele. Eu te desejo como os náufragos desejam a terra firme. Eu sinto a tua presença como a noite sente que virá o amanhecer. Para tudo que eu busco, mais que um continente, és a própria Atlântida.