harolrock
Como veleiro guiado pelos ventos, disponho-me a singrar pelo mar imenso que tu és. Ao entardecer, aporto em ti. No teu íntimo, silenciosamente, amanheço. Deixo que a tua presença desponte como um farol distante, e que a tua ausência seja a névoa infinita e densa de terra jamais avistada. Meu coração é essa península, banhada pelas águas da memória, ligada ao teu riso e dedicada ao teu olhar pelo istmo do sentimento. No imo do teu sexo, desfaço-me em tantas partes. Decomponho-me para, suplantado o ápice dos meus sentidos, novamente ressurgir da treva, para emergir das tuas águas coberto apenas pelo tato fresco e indizível da tua pele. Eu te desejo como os náufragos desejam a terra firme. Eu sinto a tua presença como a noite sente que virá o amanhecer. Para tudo que eu busco, mais que um continente, és a própria Atlântida.