(um conto recebido) Costas Num sobressalto me desperto. Me sento ofegante na cama, aquele desconcerto por não saber o motivo do despertar. Olhando a janela, as cortinas dançando ao vento, observo a luminosidade inusual neste horário da madrugada. Tudo então se faz lógica: mais uma daquelas tempestades austrais. A visão já está acomodada à baixa luz. Um dorso se destaca contra os lençóis e as cortinas balouçantes. Belas costas. Busco palavra para definir o que sinto e penso sobre estas costas. Vejo que são necessárias muitas palavras, mas duas preponderam: voluptuosas e desejáveis, as costas. Da nuca até a nádega curvas e mais curvas me deixam ávido, sedento. Os cabelos fartos atrapalham um pouco admirar o pescoço e nuca, mas nada que um sutil deslocar com a ponta de meus dedos não resolva. Contorno os ombros com meu olhar. Desço pelas espáduas, o sulco do centro das costas, a lombar, o início da bundinha macia e deliciosa. A calcinha diminuta parece me convidar, ou eu vejo convites onde não há, porque quem grita são meus desejos, meu tesão? Toco de leve a pele. Ela é quente, macia. Provo com a ponta da língua, ela é doce. Fico dividido. Quero muito a despertar neste meio de madrugada para que nos devoremos. Mas se ela acordar brava? Foda-se, eu quero. Colo o meu peito nu nas costas nuas. Seguro os seios nas minhas palmas das mãos. Começo a beijar o pescoço, ombro. Ela começa a se mover. Qual gata, ronrona, não fala. Qual leoa, me olha sabendo tudo de tudo. Qual mulher que é, fabulosa mulher, me pega o sexo e segura firme. O olhar profundo dela diz tudo, neste nosso mundo, neste nosso momento, somos um do outro, eternamente. E nossos corpos nos dizem que amam este mundo só e todo nosso. Os deleites como sempre explodem em camadas quando nos fundimos. Nem bem começamos, já ansiamos por mais. #contoseroticos